terça-feira, junho 08, 2010

A vida como ela é, na maior parte das vezes...

Parte do texto "A Felicidade, Desesperadamente", do meu amigo e dramaturgo (mesmo que ele não queira ser), Lucas Mayor:

"Conservamos certezas irrevogáveis a respeito de tudo. Eu mesma sempre achei que se mostrasse pra alguém que eu tinha dúvidas sobre alguma coisa, qualquer coisa, esse alguém ia me tomar por inapta, usar isso a seu favor e contra mim. No geral, todas as minhas relações passionais eram medidas pela imposição absurda e geométrica da razão absoluta. Eu acabava me censurando a cada organização mental de ideias, sentimentos ou o que quer que fosse.
Mas tem um momento em que você não consegue mais. Sobretudo quando se trata da sua vida íntima. As particularidades não admitem certezas inflexíveis.
É nesse instante que você percebe que não existem maneiras seguras de amortecer os medos. E eles acabam aparecendo. É como um daqueles pesadelos em que sempre estão tirando algo de você. Amputando alguma coisa. Eu finjo que tudo bem, ok, é só um pedaço do meu dedo agora, não vai fazer falta mesmo, mas perai, não precisa levar a mão toda, certo?
E dai que ele levou todos os meus livros, eu posso facilmente comprar outros, são apenas palavras e papel; e tudo bem se ele resolveu deixar claro que nunca foi feliz pra valer com você, afinal as pessoas morrem e não são realmente felizes, porque na verdade, o que a gente procura mesmo é tentar se distrair, e não há distração maior do que duas pessoas dividindo a nulidade de suas vidas."

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